A partir de hoje, vamos começar a abordar aqui no Spice uma série dedicada a quem quer casar fora do país ou da cidade onde mora. Vamos convidar noivos para escrever sobre a experiência que tiveram em organizar a cerimônia e a festa fora do Brasil. A Camila, casada com o Natan, é quem inaugura as postagens falando sobre Las Vegas:
Eu e meu atual marido, nunca acreditamos em casamento da forma tradicional. No sentido de que nunca tivemos o sonho de nos casar em na igreja ou, tão pouco, tínhamos vontade de fazer aquela celebração grande para toda família. Então, ele me disse: “por que não fazemos algo para nós? Vamos fugir e casar em outro lugar sem preocupações”. Nessa hora, para mim ficou claro que não existia outra opção, se não Las Vegas. A cidade, aliás, independentemente da festa, já era a minha escolha para a lua de mel.
A partir daí, passamos a planejar tudo em segredo. Sabíamos que haveriam muitos “mimimis” entre os familiares e amigos, pois optamos por não convidar ninguém. A partir dali, começou a ser o nosso sonho romântico e não mais um festa desgastante de se planejar. Eu sempre fui apaixonada por Las Vegas já sabia todos os lugares que realizavam cerimônia de casamento, todos os hotéis, todas as capelas. A primeira decisão foi: quero um casamento tradicional, com véu, grinalda e hora marcada. Nada de ficar horas esperando numa capelinha com mais 20 casais. A opção era casar em um dos hotéis da cidade. O primeiro passo era tirar os passaportes e o visto.
Vale ressaltar que tudo isso aconteceu mais ou menos em novembro de 2012. A data pretendida para a cerimonia era 16 de janeiro de 2013 (o mesmo dia em que havíamos nos conhecido dois anos antes). Tínhamos que tirar o passaporte e os vistos. Ele só precisava renovar ambos, mas eu nunca tinha estado nos Estados Unidos. No início, fiquei bem nervosa, na entrevista do visto me lembro de ter levados cópias de todos os documento possíveis e imagináveis (meus, dos meus pais, da minha faculdade, do meu emprego, etc). Não importava o que me perguntassem: eu queria estar preparada.
No final das contas a entrevista foi bem simples e levou cerca de dois minutos. A cônsul me perguntou onde eu pretendia ir, quem pagou pela minha viagem, onde eu estudei, onde meu pai trabalhava e o que ele fazia e onde o meu noivo (na época) trabalhava e o que ele fazia. Algumas dica que me deram e eu segui na entrevista, foram:
- Não dizer que eu estava indo para casar. Dissemos que a viagem havia sido um presente de noivado de nossa família;
- Não tentar a entrevista em inglês, se o seu inglês não for 110%;
- Não dizer que já tinha a passagem comprada e/ou um data certa para ir (afinal, é muita pretensão marcar tudo sem ter o visto);
- Saber mais ou menos a cidade e hotel/casa onde pretende ficar (não ter nem ideia de nada também é muita desorganização);
- Ter claro na cabeça o que te prende no Brasil (como família, emprego, estudos, animal de estimação, etc).
Tínhamos pouco tempo: três meses para planejar tudo. Enquanto o passaporte e visto eram tirados, escolhíamos outros detalhes, como o local. O hotel escolhido foi o Caesars Palace (que ficou bastante conhecido no filme “Se beber, não case”). Mas no meu caso, o local tinha outro significado. Conheci o Caesars durante um jogo de RPG anos antes e desde então me apaixonei pelo lugar. Todas as reviews eram super positivas e muitos guias turísticos apontavam ele como melhor hotel de Las Vegas.
Tudo foi resolvido por aqui, no Brasil. O hotel tinha pacotes de casamento. Escolhemos um que já incluía maquiagem, flores, reverendo, limusine, champanhe, fotógrafos, pianista, cinegrafista, suíte nupcial e spa para os noivos. Tudo foi marcado diretamente com a organizadora de casamentos do Caesars, Rebecca. Tentamos algumas agências de viagens, mas os pacotes de casamentos delas incluíam apenas os casamento nas capelas mais simples. Então optamos por ligar para o MasterCard Concierge, um serviço oferecido para clientes Platinum e Black, e muita gente não conhece. É basicamente um número de telefone mágico onde você liga e pede sugestões/ajuda para comprar ou contratar qualquer serviços que possa ser pago com o cartão de crédito. Eles resolveram tudo, e quando precisávamos falar diretamente com a organizadoras, eles faziam as ligações e repassavam para nós.
O vestido de noiva também foi feito em Porto Alegre e em tempo recorde. A costureira, Neiva, fez tudo em uma semana. Apesar de tudo, devo dizer que o vestido saiu exatamente como eu queria. Outra dica: o vestido de noiva é exclusivamente da noiva, não deixe que outra pessoas te digam o que usar no seu casamento, mesmo que essas pessoas sejam seus pais ou melhores amigas. Eu optei por trocar o véu por uma capa para não congelar.
Agora vamos a Las Vegas: tudo lá perfeito. Chegamos um dia antes da cerimônia e, de cara, ganhamos um upgrade de quarto. “Presente de casamento do hotel”, disse o recepcionista. Só para explicar: o pacote de casamento nos dava duas noites na suíte de casamento deles. Nos outros dias optamos por um quarto mais simples. No final, sem cobrar nada a mais, eles nos colocaram todos os dias na suíte de casamento.
Check in feito, fomos para a suíte largar as malas e depois direto para a sala da organizadora de casamentos. Ela nos disse onde pegar um taxi para ir até o cartório fazer um pré-documento (detalhe: o cartório fica aberto até a meia noite). Depois passamos a escolher as flores, a música, as fotos… Optamos por pagar um pouco a mais para que os fotógrafos ficassem uma hora extra com a gente.
No dia seguinte fui com a organizadora, Rebecca para o salão de beleza do hotel, para fazer cabelo e maquiagem. Fato engraçado: o padrão é a noiva ir um dia antes fazer a prova. Como nós chegamos na cidade à noite e estávamos cansados, eu não fiz a prova. As meninas do salão ficaram meio chocadas quando descobriram que aquela era a maquiagem definitiva e que eu ia me casar em algumas horas.
A Rebecca e as outra meninas do salão me ajudaram a por a vestido e me trouxeram meu buquê. Era a hora! Enquanto caminhávamos do salão até a sala da noiva, a Rebecca me comentou que os fotógrafos que enviaram eram os favoritos dela. Samuel e Danelle, que mais tarde virariam Sam e Dan. Enquanto isso, o noivo estava chegando no jardim onde a cerimônia aconteceria. Lá, o reverendo, Brian, perguntava detalhes: “Como se pronunciam os nomes de vocês?”; “ Vocês querem alguma citação religiosa?”; “Vocês vão fazer os votos em inglês ou português?”. Todos estavam sendo super simpáticos e a cerimonia foi exatamente como nós sonhávamos. Não mudaríamos nada!
Depois, ficamos no jardim para tirar algumas fotos e de lá fomos para o cassino do hotel tirar mais fotos (o que, só para deixar claro é proibido). Mas a verdade é que todo mundo em Las Vegas é super empolgado com gente casando, as pessoas pararam de jogar para nos deixar usar a mesa delas para tirar fotos. Algumas queriam tirar fotos com a gente, várias gritavam parabéns. Foi super divertido! Dali, nós fomos para a entrada do hotel pegar nossa limusine. Na entrada do hotel, uma senhora, que mais parecia saída de um filme, vestindo casaco de pele e usando uma piteira longa para fumar, parou meu marido e disse: “Você deve ser o príncipe encantado, pois ela definitivamente é a Cinderela.” Lembrei de todos os comentários sobre como eu deveria me vestir no meu casamento e do meu desejo de infância “eu quero um vestido gigante de princesa da Disney”. Aquela senhora só confirmou o quando eu estava feliz e vestida como eu sempre sonhei.
Dentro da limusine, eu troquei o sapato de salto por um converse all star branco para passear pela cidade tranquila. Dali fomos para diversos pontos turísticos. A placa da entrada da cidade, o festival de águas com música do Elvis, bebemos champanhe e curtimos ao máximo aquela noite. Tudo foi perfeito. Nos dias seguintes, continuamos em Las Vegas. Curtíamos a nossa lua de mel do nosso jeito também. Alugamos um Mustang (eu amo american muscle cars) e dirigimos no deserto. Foi o nosso conto de fadas. Las Vegas foi apaixonante para nós, era tudo que eu esperava e um pouco mais: tinha luz, festa, barulho, clima era seco e frio.
Dois anos depois (ou seja, no mês passado) voltamos para comemorar nossos quatro anos junto e dois anos casados. Las Vegas continua tudo de bom!
by Camila (HeeLary) Schultz