Buenos Aires para quem ama livros

Por maior que seja a rivalidade criada nas últimas décadas com os argentinos, em especial, pelo patrimônio histórico-cultural brasileiro, o futebol, não dá para negar que um pulinho ao país vizinho é uma excelente opção. Buenos Aires “ferve” o ano inteiro com opções para todos os públicos.

Entre elas, a parte cultural ofertada chama muito atenção. E hoje, vamos destacar alguns argumentos para quem adora uma boa leitura, para quem gosta de sentir o cheiro de páginas novinhas ou folhear as que já amareladas carregam tantas histórias. Ou ainda simplesmente desfrutar apenas da “casa” da cultura. Pois além de suas centenas de lojas, cafés e eventos voltados para a literatura, Buenos Aires está repleta de lugares para curtir um bom livro (cercado de gente que pensa da mesma forma).

Anualmente, todo mês de abril e parte de maio, a cidade abriga também uma enorme feira internacional de livros. Escritores, editores e bibliófilos de todo o mundo se reúnem para beber malbec, comer media lunas e ler. 

As principais bibliotecas na cidade

Estreando em 1870, a Biblioteca Nacional de Maestros,  foi entregue ao povo em 1884 e apresenta uma fachada luxuosa que é combinada pelo seu interior chamativo, que é limpo, espaçoso e luminoso. Beiges, verdes e rosas cercam o mogno sob os tetos altos, com majestosas estantes impressionando a necessidade de educação em virtude de sua altura.

Com o acréscimo da Sala Americana – inaugurada em 1998 – a Biblioteca Nacional ganhou uma linda sala de leitura que é acessível por uma escada sinuosa no saguão principal. Menos movimentada do que o resto da biblioteca, as janelas envoltas na sala americana e a iluminação antiga transmitem um sentimento de grandeza.

Na biblioteca do Congresso das Nações,  localizada ao lado do Congresso, cada detalhe é impressionante. Essa vasta biblioteca forneceu informações aos congressistas e ao público por mais de 150 anos. Depois de passar pela segurança, os visitantes entram em um vestíbulo de teto alto contendo os torsos de mármore e de bronze originais de Rivadavia e San Martin. Apesar da coleção de mais de três milhões de peças, o layout da biblioteca é fácil de entender. Tudo está contido em um grande foyer e subdividido em seções para multimídia, leitura, referência e microfilme que projetam os jornais de 1810., cada detalhe arquitetônico é deslumbrante.

Em frente à Plaza San Martin e dentro do Circulo Militar, está a Biblioteca Nacional Militar.  Você vai ver mesas com encadernação de couro, paredes espelhadas e uma lareira de mármore se combinam para criar uma sensação de realeza na sala de leitura, e até a porta é revestida de ouro. Contendo mais de 60.000 trabalhos, os tópicos incluem estratégia de guerra, história marcial e revistas militares internacionais da América, Brasil e França. A biblioteca é acessível ao público mas acomoda apenas 15 pessoas de cada vez, portanto, planeje sua visita de acordo com isso.

As livrarias de Buenos Aires

Uma das alegrias de passear por Buenos Aires é mergulhar nas muitas livrarias que se alinham em suas ruas movimentadas. A capital argentina tem mais livrarias por pessoa do que qualquer outra cidade do mundo, segundo o World Cities Culture Forum. Você poderia passar um dia inteiro na Avenida Corrientes visitando as cem ou mais librerias ali que anunciam livros novos e usados. Mesmo as lojas independentes estão prosperando, graças em parte à lei nacional de preço fixo do livro, que estipula que qualquer livro deve custar o mesmo, não importando onde seja vendido.

Não é de admirar que Buenos Aires seja um paraíso para os leitores. A cidade tem um apetite historicamente voraz por boa escrita – afinal, nos deu autores incríveis como Jorge Luis Borges e educou Julio Cortázar . Hoje, várias livrarias locais funcionam como centros culturais e leituras de autores, oficinas de redação e música ao vivo.

Instalado em um antigo teatro, El Ateneo Grand Splendid é a maior livraria do país e uma das mais famosas do mundo. Amplamente conhecida como a livraria mais bonita do planeta, você vai ficar encantado com cada detalhe. Ela conta com mais de 120 mil livros em suas prateleiras, um bar e um café, este último localizado no palco do antigo teatro. Definitivamente, um ponto turístico da capital portenha.

O edifício histórico, que celebra seu 100º aniversário neste ano, manteve suas varandas, o afresco pintado em seu teto abobadado e até mesmo sua cortina de veludo, proporcionando um cenário dramático para os 180.000 livros, 30.000 discos e 20.000 filmes à venda aqui. Às vezes, o palco é usado para música ao vivo: grupos folclóricos, jazz e pop se apresentaram aqui nos últimos anos.

Se El Ateneo é a jóia da coroa das livrarias de Buenos Aires, Falena, no bairro de Palermo, é uma pérola de água doce. É muito menor, pouco visível na rua, mas ainda mais bonita à sua maneira. Enquanto El Ateneo é embalado com turistas e livros populares, Falena é um oásis escondido com linhas limpas, luz natural e uma coleção pequena, mas de bom gosto. Há móveis modernos e suaves e uma cobertura com mesas para relaxar, tomando vinho ou café cortado no café do hotel, e folheando livros de arte.

Pelas ruas de Buenos Aires

Essa metrópole iluminada também abriga uma obra-prima arquitetônica de uma biblioteca (a maior do país), e esse deve ser um dos primeiros passeios seus por BAs. Além disso, visitas guiadas te levam para percorrer pontos referentes aos autores de renome que já citamos.

Quando foi inaugurado em 1982, o Café la Poesía se tornou um ponto de encontro para os literatos de Buenos Aires. Quando o escritor Rubén Derlis abriu o moderno Café la Poesía no bairro boêmio de San Telmo, por lá se encontravam poetas, pensadores e ativistas; você verá os escritores que frequentavam o café, como Horácio Ferrer, Enrique Cadícamo e Federico García Lorca, lembrados em fotografias emolduradas e em placas.

Já nas paredes do Café Cortázar, obviamente, que estão cheias de fotos de Julio Cortázar ao lado de algumas de suas citações conhecidas. E em La Biela, no bairro da Recoleta, você pode posar para uma foto com estátuas de Borges e Adolfo Bioy Casares. Eles estão sentados por toda a eternidade na mesa perto da entrada.

Faça ainda uma parada na Walrus Books, uma livraria em inglês que é absolutamente repleta de livros de capa dura e brochuras usados; e até oferece aulas de redação criativa na língua inglesa. O dono, Geoffry, professor de inglês no Estados Unidos, se mudou para a Argentina depois de se apaixonar por Josefina, sua esposa. Nas prateleiras estão mais de 6 mil livros de diferentes temas, como literatura, história argentina e da América Latina, e poemas.

A Libros del Pasaje  é uma loja aconchegante com prateleiras de madeira pequenos recantos perfeitos para uma boa leitura, também tem uma boa seção em inglês. Mas vale a pena conferir mais do que os livros: atrás, há um restaurante adorável com um cardápio eclético. Encomende um Fernet e uma salada tabbouleh com queijo grelhado e ervas frescas.

Na Clássica y Moderna, a impressão é de estar em um café, mas trata-se de uma livraria requintada de Buenos Aires, digna de premiações do governo local, como a Medalha do Bicentenário, dada pela difusão, promoção e defesa do livro e da leitura. Conta com um restaurante e eventuais shows de tango e jazz, fica em Recoleta.

Se você quer praticar o seu espanhol, ou simplesmente se deleitar com uma atmosfera legal e artística, confira um evento com a Mappa, uma organização de poesia de microfone aberto da cidade. Por lá, a poesia assume muitas formas, algumas pessoas lêem seu próprio trabalho, outras leem o trabalho de outros autores. A ideia é que em três ou quatro minutos, uma pessoa possa subir ao palco e atuar sem ser julgada. Vinte poetas se apresentam a cada show mensal, e há música ao vivo.

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