Em meio ao caos de uma triste e sangrenta luta pela liberdade de expressão e igualdade, a Turquia – país recheado de surpresas – volta às manchetes. E é pelo seu povo que o país se expressa, começando pela agitada Istambul. Ex- Constantinopla. Precisaria mais? Pense em tudo que você aprendeu na aula de história. De um lado, Europa. Do outro, Ásia. Essas já seriam enormes razões para voar até lá. Mas a gigantesca cidade, de quase 14 milhões de habitantes vai muito além, surpreendendo tanto pela rica vida cultural e povo receptivo, quanto pela explosão de cores, cheiros e sabores que se espalham entre suas ladeiras.
1) A MISTURA:
Istambul tem de tudo. Turistas com suas câmeras, incontáveis feiras de rua perdidas, pescadores de robalo com seus caniços e sempre muita gente na rua. Formada por sete colinas onde estão os principais bairros, é ainda cortada pelo Estreito de Bósforo e suas pontes. Por essa geografia, é conhecida por seus três centros: dois no lado europeu da cidade e um no lado asiático. O casco antigo, com os imbatíveis Mesquita Azul, Hagia Sofia e Palácio Topkapi, fica ao sul do Corno de Ouro, enquanto o agitado distrito de Beyoğlu fica ao norte. Ali, não deixe de zanzar pra cima e pra baixo na Istikal Cadessi, o enorme e vital calçadão.
- Dica vinda do amigo e talentoso fotógrafo Guilherme Zauith para fugir da confusão na Istikal: entrar e perder a noção do tempo no Café Ara Guler, bem tradicional. Ara é um fotógrafo, quase o Bresson turco. E depois de viajar o mundo, voltou pra sua terra natal e está sempre por ali trocando ideias com quem passa. Além disso, essa região oferece muitos restaurantes e casas de jazz, escondidinhos nas ruelas laterais.
É nesse lado, o ocidental, que os visitantes encontrarão a maior parte das atrações. Já no lado oriental, no bairro de Ūskūdar, o que se vê é uma rotina mais pacata, com menos agito e ainda muito tradicional. O que me surpreendeu foi que saí com visões completamente diferentes nas duas vezes em que estive lá: na primeira me deslumbrei com a imensidão das construções, a história e com a riqueza de detalhes, além de babar nas paisagens de cartão – postal enfeitadas com tantas gaivotas. Na segunda, pude conhecer o lado cosmopolita e moderno de Istambul, com restaurantes internacionais para todos os gostos, happy hour em terraços com paisagens mágicas e muita cultura, para além dos clichês.
2) A LÍNGUA:
Nada como ser desafiado por acentos impronunciáveis e pouco domínio do inglês por parte dos locais. Táxis, transportes em geral e informações são negociados na base da dedução e na mímica. E sim, eu disse negociados, pois taxímetro é difícil de encontrar. Mas nada desesperador: sempre surge uma alma boa disposta a ajudar, e os guias de conversação existem para isso. Aprender a pronúncia dos locais que se deseja ir e de onde se está hospedado é um ato de sobrevivência. Relaxe – mas não bobeie – e aproveite a cadência do turco em seus ouvidos, guarnecida pela sinfonia de minaretes das mesquitas.
3) A COMIDA:
A comida turca é cheia de especiarias, mas ao mesmo tempo muito mediterrânea. Aproveite a overdose de vegetais, carnes e peixes, e termine com os sorvetes à base de mel. E se a ideia for mesmo garimpar temperos, não há lugar melhor: as barracas são multicoloridas, oferecendo cheiros e cores pouco vistos pelos brasileiros, o que já é uma tarefa bem difícil. Para os bons de garfo como a que vos escreve, nada melhor do que simplesmente sentar em algum restaurante e esperar por surpresas como a moussaka (beringela lovers) e a baklava (tipo um mil folhas de nozes) de sobremesa.
4) BAZAAR:
Comece pelo Grand Bazaar e tenha ali uma ideia da arte de vender, que parece ter nascido com os turcos. Entrar naquele labirinto de quase 4.000 lojas (alguns dizem que são mais, outros menos) e cavocar artigos em couro (de ótima qualidade, por sinal), comidas, cerâmicas, chás, ouro, tapetes e bugigangas mil é descobrir um novo mundo. Tem tudo e mais um pouco nesse aglomerado de 60 ruas cobertas. Não pechinchar é ofensa, ou seja, se você gostar de algo PRECISA barganhar. E não se assuste se o vendedor correr atrás de você! Depois de habituado com tais técnicas e de queixo caído com tudo que viu, dedique um dia à caça dos mais inóspitos mercados.
5) O BANHO TURCO:
Você aí, viajante, já ouviu falar em hamman (ou haman, ou hamami)? Se não, não sabe o que está perdendo. Talvez a maior experiência antropológica da minha vida, o banho turco, como também é conhecido, quebrou alguns paradigmas em minha mente. Primeiro, imagine um monte de mulheres semi-nuas, vindas dos mais variados lugares do mundo, relaxando em uma pedra fervente enquanto admiram a cúpula de um prédio quase milenar. Depois, sorridentes senhoras, também peladas, chamam uma por uma para o momento feliz, em etapas: esfoliação, massagem e enxágue (incluindo cabelo!). Finalize com a imagem dessas mesmas mulheres em um banho de imersão, com água termal e silêncio absoluto.
Por motivos óbvios, não é possível fotografar lá dentro. Minha experiência foi no Çemberlitas, uma casa tradicional, meio turista meio roots – e não mista. Mas não se preocupe, pois não faltarão portinholas oferecendo o mesmo serviço.
Para entrar no clima, siga esses dois perfis no Instagram:
@sezyilmaz @mustafasevenSempre com fotos divinas!
iyi yolculuklar!
Amei o post Marchell’s! Turquia é isso mesmo, fascinante e surpreendente. Quero voltar! Bjs