A história da Cozinha Siciliana

Sicília e uma das cozinhas mais tradicionais da Itália

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A comida é uma das principais identidades da Itália e a cozinha italiana é uma das favoritas ao redor do mundo. Falar de restaurantes italianos é como listar uma infinidade de opções, em praticamente todas as cidades do Brasil e do mundo. Mas, aquela verdadeira e autêntica comida italiana, onde encontrar? Toda região italiana desfruta de seus próprios sabores e produtos locais,  mas todos compartilham a cultura da comida e seu vínculo com tradições e cultura. Agora, para falar de legado da cozinha, fomos até um dos berços da gastronomia italiana, a Sicília, uma ilha que é uma tradição alimentar. Mas, antes de falar do que comer, temos que falar de onde vieram os alimentos e um pouco da história da cozinha siciliana. 

Cozinha & História

A comida siciliana é a cozinha de fusão original, uma mistura única de todas as suas diversas heranças culturais. A ilha esteve no coração de treze impérios diferentes nos últimos três milênios, e cada um deles deixou sua marca no armário da cozinha da dona de casa siciliana.  Vamos contar um pouco desta história e das grandes produções que surgiram na Sicília, com a ajuda do artigo de  https://siciliangodmother.com.

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Os fenícios eram comerciantes marítimos, originários do Líbano. Eles estabeleceram colônias em todo o Mediterrâneo e trouxeram muitos cereais para a Sicília, incluindo uma espécie de trigo que produz as melhores massas. Eles também trouxeram lentilhas, figos frescos e estabeleceram uma indústria de sal marinho

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Os gregos foram os que introduziram o spelt (ou farro), uma espécie antiga de trigo que eles cultivavam. Os gregos também gostavam muito de queijo e faziam muitas variedades, incluindo muitos que usavam cabras e leite de ovelha. O tipo mais antigo de queijo siciliano, chamado Pecorino Siciliano, é feito a partir de leite de ovelha e foi inventado pelos gregos antigos da Sicília por volta de 500 a.C. Os pratos  com frutos do mar, principalmente de polvo e lula na Sicília também são tradições originárias dos colonos gregos – e que até hoje você vê muito nos menus da ilha. 

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Já os romanos gostavam particularmente de camarão e marisco – salada de frutos do mar é uma das grandes contribuições romanas para a cozinha siciliana. Os romanos também introduziram uma variedade muito mais ampla de vegetais na Sicília, incluindo cenoura, cebola e alho. Os romanos também comiam pizza, coberta com queijo e legumes, mas sem tomate (as pizzarias sicilianas ainda oferecem uma seleção de pizzas clássicas sem tomate). A tradição siciliana de cozinhar no estilo agrodolce (doce e azedo) – que usa azeite, vinagre e açúcar – também vem da culinária romana antiga, assim como o molho de peixe e pasta de anchova.

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A riqueza de novas culturas e tipos de culinária trazidos para a Sicília pelos Norte-Africanos, uma mistura étnica de árabes e berberes, foi muito forte. Eles conquistaram a Sicília no século 11 e encheram a ilha com árvores cítricas de todas as variedades. Os mouros também trouxeram especiarias como damascos, beterraba melão, arroz, açafrão, passas, pinhões, pimenta, noz-moscada, cravo e canela na culinária siciliana. E claro, as diversas nuts tão famosas na Sicília, incluindo pistaches, amêndoas, avelãs, nozes e castanha de caju. Eles inventaram as massas secas e transformaram a Sicília no centro de produção de uma indústria internacional. 

O que seria da Itália sem sorvete? Os norte-africanos inventaram isso na Sicília. Os árabes e os mouros viveram uma experiência em fazer o que chamavam de sorvete, hoje conhecido – e muito popular – entre sicilianos modernos como Granita

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Os normandos, ou homens nórdicos, foram os invasores vikings que tomaram a Sicília e toda a sua riqueza dos mouros. Eles acrescentaram uma variedade maior de animais, aumentando assim a variedade de refeições à base de carne disponíveis. Eles eram hábeis na criação de gado, ovelhas e aves, e tornaram essas fontes de carne muito mais numerosas na Sicília. 

Muita comida de rua da Sicília é baseada em miudezas, e a tradição surgiu dos judeus que, ironicamente, não a comem. Suas doações de caridade para os pobres cidadãos de Palermo, dos animais proibidos por sua religião, mantiveram muitas famílias vivas. Isso levou ao uso imaginativo dos ingredientes nutritivos disponíveis, mantidos vivos nos lendários alimentos de rua da Sicília. A comida de rua é ainda hoje muito famosa na Sicília, especialmente em Palermo. 

Os alemães melhoraram a higiene alimentar na Sicília, introduzindo abadatões urbanos conectados aos frenéticos mercados de rua fundados pelos mouros, que garantiam que os animais pudessem ser abatidos, vendidos e consumidos inteiramente no mesmo dia. Eles também estabeleceram jardins que cultivam ervas e aromas que dão sabor a muitos pratos clássicos da Sicília e da Itália, incluindo manjericão, orégano e mais. 

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Os espanhóis foram os últimos grandes colaboradores da culinária siciliana e italiana. Sua contribuição mais onipresente foi o tomate, que cresce tão bem nas áreas vulcânicas da Sicília. É impossível imaginar comida italiana moderna sem o tomate. Sua adição à pizza, criou o prato imortal da Itália, assim como sua fervura e a preservação do molho de tomate para pratos de macarrão durante todo o ano tiveram um impacto muito grande no paladar italiano.

Também foram os espanhóis que importaram plantas de pera espinhosas para a Sicília, trouxeram o chocolate (onde ainda é transformado em barras em Modica, usando a antiga receita asteca), as batatas (que ainda não crescem facilmente no solo siciliano) e a baunilha, muito popular com cafés na Sicília. 

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Em função de sua sua localização – cerca de 160 km a nordeste da Tunísia, norte da África – e seu tamanho –  maior e uma das ilhas mais densamente povoadas do mar Mediterrâneo – a história da cozinha da Sicília não poderia ser diferente! Uma bela trajetória gastronômica já teve este pequeno pedaço da Itália. 

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