Quando decidi visitar a minha namorada em Portugal durante o intercâmbio dela eu tinha apenas uma certeza: não iria passar frio novamente por lá. Eu iria no verão. E assim foi. Passei o mês de junho inteiro com ela em terras lusas e deu para curtir as duas maiores festas do país: o Santo Antônio de Lisboa e o São João do Porto. Mas não é sobre estes destinos que vou falar.
Vou falar da certeza que a Ana Júlia tinha ao me receber: nós iríamos para o Algarve, região mais ao sul de Portugal. E lá fomos nós.
Decidimos ir de ônibus para gastar menos e poder ir dormindo na viagem. Não nos arrependemos nenhum pouco. Primeiro, porque o coletivo tinha um motorista profissional para nos levar. Segundo, porque não precisamos nos preocupar com seguro e tudo o mais que o aluguel de um carro exige. E ainda pelo conforto – ao invés de precisar cuidar as direções no GPS, desfrutamos da vista e do wifi do busão para surfar na internet durante o trajeto sem a necessidade de procurar um lugar para estacionar ao chegar.
Na região do Algarve, ficamos em Lagos. Uma dica importante: se você for durante a alta temporada, nos meses de verão no hemisfério norte, reserve o local onde você vai dormir com a maior antecedência possível para garantir um bom custo/benefício. Nós ficamos no hotel Lagosmar, e pagamos € 200 por quatro noites para o casal, com café da manhã.
A Ana já havia ido duas vezes pra Lagos e, portanto, eu praticamente tinha uma guia particular. Chegamos no meio da tarde e, antes que escurecesse, fomos caminhando até a Ponta da Piedade.
Aqui, sugiro um guia com as (algumas das) melhores praias do Algarve. Em Lagos, os destaques vão para a praia Dona Ana e a praia do Camilo.
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Na manhã seguinte, resolvemos conhecer as falésias da cidade de caiaque. A Ana Júlia já tinha feito o passeio de barco com o pai dela anteriormente. Dessa vez, decidimos que valia a pena pagar 10 euros a mais e ir remando. O passeio custa € 25 por pessoa e a recompensa vale a pena, pois de caiaque é possível entrar em algumas das falésias – algo que de barco é fisicamente impossível.Tiramos fotos incríveis e aproveitamos ao máximo.
Logo ao chegar na Ponta da Piedade, que é a parte final do percurso, o grupo para em uma enseada por trinta minutos e é possível fazer mergulho com equipamentos de snorkel. O mar é gelado, mas a experiência vale a pena. O grande lance ao escolher ir de caiaque é que, geralmente, na ida o vento está a favor e, na volta, um barco da empresa responsável pelo caiaques “reboca” o pessoal. Melhor, impossível!
À noite, fomos jantar ao The Green Room – um restaurante mexicano na zona de bares de Lagos – e essa experiência fez toda a diferença para o resto da nossa viagem. No local, o Gabriel, de Santa Catarina, nos atendeu. Além de garçom, o cara surfa e tira altas fotos. Super atencioso, ele listou no mapa algumas praias que valiam a pena serem conhecidas na região. A comida e o atendimento do restaurante valem a visita.
Como falei antes, não alugamos carro para ir até o Algarve. Porém, depois das dicas que recebemos do Gabriel, acordamos no dia seguinte e alugamos uma “viatura” – como o carro é chamado em Portugal. Alugamos pela empresa Luzcar só por um dia e fomos conhecer as praias indicadas. Por essa empresa não é necessário ter carteira de habilitação internacional e pudemos pegar o carro às 9h e devolver às 12h do outro dia. Pessoal muito flexível e atencioso.
Visitamos as praias da Luz, do Burgau, da Boca do Rio, Salema, da figueira e Zavial. Nesta última, ficamos um bom tempo explorando e curtindo o pico. O vento tornava a ideia de tomar um banho de mar ainda mais remota, mas a vista me inspirou e eu dei um mergulho nas águas geladas.
Depois, conhecemos ainda a praia da Ingrina, antes de seguir para o ponto final da nossa viagem dentro da viagem: Sagres.
Na volta, a Ana queria me levar para conhecer a noite de Albufeira. Nos arrumamos e rumamos para lá, que é uma outra cidade do Algarve, a cerca de 60 quilômetros de Lagos. Chegando, o que vi foi uma “Las Vegas portuguesa”: tudo era em inglês, estava cheio de gringos de todos os cantos da Europa, com vários grupos de homens e mulheres fazendo despedida de solteiro.
Em Albufeira, entramos em outra dimensão. Tomamos um par de cervejas e estávamos praticamente sóbrios. Além de quem trabalhava, parecia que éramos os únicos naquela condição. Por onde olhava, o que víamos era gente borracha vestida de unicórnio, desafiando um touro mecânico, andando de carro-choque na madrugada, dançando no meio da rua na frente do carro da polícia. Enfim, fazendo estrepolias mil!
Como estávamos cansados de um dia inteiro viajando no sol e conhecendo praias, resolvemos voltar para Lagos. Como o sono era intenso, botamos no som do carro pra tocar Raimundos para não dormir. Funcionou e #ficadica!
No nosso último dia inteiro em Lagos, resolvemos fazer algo que nunca tínhamos feito na vida: ir a uma praia de nudismo. Ou melhor, naturista. A descoberta levou alguns dias, perguntamos para algumas pessoas, pois a praia não aparece nos guias. Nos deram a direção: depois da praia do Camilo, em direção à Ponta da Piedade, tem uma casa com uns cães. Ali, entrem à esquerda em direção às falésias e busquem o caminho.
E é realmente isso. Buscamos um dia e não encontramos. Porém, no último dia decidimos procurar melhor pra viver essa experiência. Encontramos. A praia se chama Pinheiros e é pequena. Tem uma trilha em descida que é de média dificuldade. No caminho, uma questão surgiu: como se chega na praia, pelado ou com roupa?
Decidi tirar a roupa no caminho mesmo. A Ana tirou o biquíni e ficou apenas com a saída de banho. Ao chegar, tinha um casal na faixa dos 50 anos e dois caras, cada um na sua, mais ou menos da mesma idade. Procuramos não olhar pra ninguém e achar um canto pra nós. Lá pelas tantas, chegou um cara e depois, mais outro. E finalmente descobrimos: se chega vestido normal e, depois de arrumar o lugar onde vai ficar, você fica à vontade.
O melhor dessa praia é que havíamos visto ela durante o passeio de caiaque. E agora nós éramos objeto de curiosidade dos passantes: famílias em barcos e grupos nos caiaques. Depois, de um tempo, você se acostuma com a nudez e até se questiona por que usar biquíni/bermuda na praia.
Enfim, esse é um resumo pessoal de quase cinco dias em Lagos. Um lugar incrível em uma região incrível em um país que pode ser descrito como o “Brasil na Europa”. Valeu cada momento no Algarve, que tem muitos locais para serem visitados. Se você for, com certeza vai se apaixonar e, assim como eu e a Ana, querer voltar.
Jornalista, viajante e curioso. Mochileiro das galáxias. Sempre à espera do embarque para o próximo destino.
Igor, muio legal teu post. Eu estava em Coimbra, agora estou no Sul de Portugal. Também indico alugar algo bem antes, pois realmente lota (no booking dizia 97%locado). Deixei pra reservar de última hora, queria ter ficado na região dos Lagos, acabei no Faro (um pouco mais distante). Contudo que de carro, fica mais tranquilo. Legais tuas dicas. Att, Priscila Nunes.