Faz muito tempo que sonhava em viajar para a África do Sul. A possibilidade de conhecer um país com uma imensa diversidade cultural e com paisagens espetaculares, da praia a savana, sempre me despertou uma grande curiosidade. Sem contar toda a história sócio-política do país, que viveu durante 42 anos sobre um regime opressor de segregação racial.
Viajar para mim é uma oportunidade única de aprender e conhecer outras culturas, de se confrontar com um realidade diferente , de viver novas experiências e sair da zona de conforto.
Eu e meu namorado decidimos fazer a viagem para a África em novembro de 2013, a gente tinha duas semanas de férias, então optamos por um roteiro que contemplasse o safari, as praias da Rota Jardim e a Cidade do Cabo.
REGIÃO DOS SAFARIS
Chegamos em Johannesburgo e pegamos um vôo direto para Hoedspruit, a região dos safaris. Ficamos hospedados em uma reserva privada chamada Kapama River Lodge. No percurso entre o aeroporto e o hotel, já topamos de cara com vários animais selvagens, o primeiro indício de que estamos longe da selva de pedras.
O Kapama River Lodge é uma ótima opção para fazer o safari e se hospedar com conforto. O ambiente do hotel é charmoso e aconchegante, todas as refeições e todos os passeios estão incluídos. Para quem quer relaxar, tem uma área com piscina e um infra estrutura de spa (wellness centre) incrível, vale a pena experimentar.
No Kapama acontecem dois safaris por dia, um de manhã cedinho e outro à tardinha. Conseguimos ver quase todos os animais que compõe o big five – leão, búfalo, rinoceronte, elefante e leopardo- ficou faltando este último. Segundo os guias locais, o leopardo é o mais difícil de se ver.
A experiência do safari é mágica, é uma imersão “into the wild”, onde se consegue, de fato, ficar um pouco mais conectado com a natureza. Ainda fizemos um passeio de elefante que durou uma hora e foi uma dos momentos mais especiais da viagem.
Recomendo muito conhecer a área dos safaris e dois dias são suficientes. Depois de 4 safaris, por mais que você ame a natureza, acaba ficando entediante. Apesar de ser quase verão (novembro) ainda não estava quente. Fomos pegos de surpresa pela temperatura, de manhã cedo e a noite fazia frio.
GARDEN ROUTE
No terceiro dia, partirmos para Port Elizabeth (não existe vôo direto, por isso, fomos de Hoedspruit para Johannesburgo e de lá pegamos outro vôo para Port Elizabeth). Aqui começa a nossa viagem pela Rota Jardim – a estrada que liga Port Elizabeth a Cape Town, um trajeto de aproximadamente 800 km, pela via N2. Se você for dirigir nas estradas sul africanas, um detalhe bem importante: a mão é inglesa. A dica é alugar um carro automático para facilitar um pouco, porque no início é bem estranho (meu namorado que dirigiu eu só fui de copilota). Em compensação, as estradas são ótimas, muito bem sinalizadas o que faz toda a diferença.
Não chegamos a conhecer Port Elizabeth, ficamos apenas para descansar e pegar a estrada no outro dia pela manhã. Fizemos quatro paradas: Jeffreys Bay, Plettenberg Bay e Mossel Bay, finalizando na Cidade do Cabo.
Jeffreys Bay
Conhecida pelos surfistas como a uma das melhores diretas do mundo, o lifestyle do surf é a marca da cidade. Todo o turismo gira em torno disso. A cidade é bem pequena e só tem uma rua principal onde se concentra o comércio.
Ficamos hospedados em uma guest house fantástica, na beira da praia, ampla e confortável, chamada Diaz 15. Sou apaixonada por praia e ter uma vista constante do mar é sinônimo de paz e felicidade.
Dormimos apenas uma noite em Jeffreys e deu vontade de ficar mais.
Dicas:
Onde comer: Kitchen Windows, um restaurante na beira da praia, descontraído e com ótimas opções de frutos do mar.
Onde ficar: Diaz 15, para quem gosta de conforto, mas sem perder o estilo praiano (até porque em Jbay não existe nada fancy).
Plettenberg Bay
Depois de 2 horas de viagem, chegamos na charmosa Plett, uma das mais sofisticadas da Rota Jardim, com ótimas opções gastronômicas. Conhecida também como o melhor local para a observação de baleias. Ficamos na cidade durante 3 dias, mas não tivemos muita sorte com o tempo, choveu bastante e, apesar de estarmos em uma guest house próxima a praia, tivemos que optar por outros passeios.
Ficamos hospedados em Southern Cross Beach House, parecia uma casa de filme: estilo colonial e um jardim todo perfeitinho em uma encosta de Robberg Beach.
Dicas:
Onde ficar: Southern Cross Beach House
Onde comer: Lemon Grass: super visual e pratos mais sofisticados
The Table : bar descontraído na rua principal da cidade, com ótimos drinques e uma pizza a lenha maravilhosa.
The Lookout: aquele típico restaurante/bar na beira da praia
Mossel Bay
Ficamos apenas uma noite, é uma cidade portuária bem pequena, descoberta pelo navegador Bartolomeu Dias. Como o tempo não colaborou muito, não conseguimos aproveitar a praia, foi uma breve passagem.
De Mossels partimos direto para Cape Town, um percurso que durou em torno de 4 horas, mas tranquilo de fazer.
Cidade do Cabo
Nosso último e mais aguardado destino era a Cidade do Cabo, onde ficamos 5 dias, em um hotel incrível chamado POD, em Camps Bay, uma das praias mais legais da cidade. Depois de uma semana de chuva, fomos contemplados com dias lindos de sol e calor.
O hotel fica a alguns metros da praia e tem uma vista surreal – de um lado o mar e de outro as montanhas. Tem um estilo contemporâneo , com piscina, bar e um ambiente aconchegante. Escurece bem tarde, o pôr do sol é no mar e foi um dos mais lindos que eu já vi.
A cidade é realmente muito linda, as pessoas são alegres e receptivas e a comparação com o Rio de Janeiro é inevitável. O maior desafio, porém, é entrar no mar, a água é congelante, não tive coragem.
Em Camps Bay tem vários barzinhos na beira da praia, um dos mais badalados é o Cafe Caprice. Mas, para mim, os melhores bares e restaurantes e as melhores lojas estão localizadas na Kloof Street – a parte mais moderninha de Cape Town.
DICAS:
Passeio Turístico obrigatório: Table Mountain – é bom se informar sobre esse passeio assim que chegar no hotel, o tempo em Cape Town oscila bastante e se estiver ventando (o que não é incomum), o teleférico fica fechado.
Praia: Camps Bay
Onde comer: os restaurantes legais estão em Camps Bay e na Kloof Sreet e o melhor de tudo – os preços são muito acessíveis.
Rua Preferida: Kloof Street
Os melhores achados: Woodstock é um bairro industrial que está sendo revitalizado, assim como o que aconteceu no Brooklyn, em NY. Atualmente, faz parte da cena mais descolada da cidade, é um reduto de artistas, designes e criativos em geral. Aos sábados tem a feirinha no mercado Old Biscuit Mill e também várias galerias de arte e design como a Woodstock Foundry.
Bo-Kaap: foi o local onde os primeiros escravos, trazidos pelos holandeses, fixaram moradia após a abolição da escravatura. O bairro que era uma antiga township (favela) foi revitalizado e as casas são todas coloridas.
CABO DA BOA ESPERANÇA
Vale muito a pena conhecer o Cabo da Boa Esperança, que faz parte da história das navegações. O passeio é lindo, cheio de paisagens encantadoras e, ao chegar, dá para entender um pouco do que o Bartolomeu Dias sentiu, é uma imensidão de céu e mar arrepiante.
A África do Sul é um país surpreendente, multicultural e acolhedor, com belíssimas paisagens e atrações de todos os tipos e para todos os gostos. Não deu tempo de conhecer tudo o que gostaríamos, ficou de fora Stellenbosch a famosa região dos vinhos, localizada entre as montanhas e o mar. Um bom motivo para voltar!
Dicas Importantes:
– Para entrar no país é obrigatória a imunização contra a febre amarela.
– Se você for alugar um carro é exigida a carteira de habilitação internacional, o Detran disponibiliza este serviço.
By Candi Damé Psiquiatra e pesquisadora é sócia da Postal Inc, uma empresa de pesquisa qualitativa que estuda o comportamento de consumo e os grupos urbanos. Viajar é um dos seus principais agentes de transformação e inspiração, procura destinos intensos e encontra a paz no mar.
muito legal o post! vc fez o passeio de elefante no próprio safári?