É Carnaval! Viaje pelo mundo sem sair do sambódromo

A escolha do samba-enredo é um dos momentos mais aguardados por quem ama Carnaval. Apenas um bom samba-enredo não garante necessariamente o sucesso da escola na avenida, mas é parte muito importante. É por onde começa a trajetória: a preparação com antecedência, o preparo das alas, as fantasias, o desenvolvimento das temáticas durante o desfile. Por isso, um samba-enredo pode ser sim um divisor de águas.

Entre os temas recorrentes, muitas escolas têm feito homenagens a destinos, contando a história e a peculiariedade de cada nação/ período histórico. Já que o clima é de Carnaval, é disso mesmo que vamos falar hoje: a “maior festa do planeta” aliada ao que a gente mais ama fazer, viajar. Hora de recapitularmos os desfiles inspirados em nações. Além disso, te contar quais destinos devem aparecer representados por músicas, alas, fantasias e todo encantamento da folia do samba nesse 2019.

Foi épico: Salgueiro 1993

Vamos começar com o desfile que é considerado um dos mais marcantes da escola de samba carioca e referência do próprio Carnaval do Rio de Janeiro. Em 1993, Salgueiro contou a história da viagem costeira entre Belém e o Rio de Janeiro feita a bordo do vapor “Itapé”.  A apresentação, que foi coroada com o título naquele ano, ficou eternizada nos versos até hoje repetidos.

“Peguei um Ita no norte” foi composto por Demá Chagas, Arizão, Bala, Guaracy e Celso Trindade, e desenvolvido pelo carnavalesco Mário Borriello. Rumo ao Rio de Janeiro, adeus adeus, Adeus Belém do Pará…Um dia volto, meu pai. Não chore, pois vou sorrir. Felicidade, o velho Ita Vai partir!, diz a canção.

Mas, sem dúvidas, é a parte final desse samba-enredo que você vai lembrar na hora: Explode Coração…Na maior felicidade, é lindo o meu Salgueiro…Contagiando sacudindo essa cidade!

Alô, Bahia….Mangueira (1986)

O desfile foi uma linda homenagem a terra de Dorival Caymmi, a sempre maravilhosa Bahia. Os detalhes da culinária baiana, a cultura, as características e os cenários invadiram a avenida. Aliás, essa é uma temática bastante recorrente no Carnaval. O estado faz parte da formação histórica-cultural do Brasil, influência nas mais diversas esferas e por isso justamente homenageado. Seja pela gastronomia específica, pelos ritmos, pelos povos formadores, pela religião…Além do mais, anualmente, uma ala inteira vem da inspiração baiana, a famosa ala das baianas das escolas de samba é quesito fundamental e que recebe nota e destaque. A ala homenageia as senhoras (por vezes, mães-de-santo) que abrigavam os sambistas quando eram marginalizados. A ala tem que ter pelo menos 50 baianas em São Paulo e 70 no Rio de Janeiro.

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Do outro lado do planeta, a China do lado de cá

Uma das mais antigas civilizações do planeta, a China exerce sobre nós grande fascínio. Ao mesmo tempo em que trouxe ao mundo invenções capazes de influenciar os destinos da humanidade, a China busca manter vivas suas tradições e o respeito à ancestralidade.

De volta ao Grupo Especial em 2018 depois de sete anos no acesso, o Império Serrano levou a China para a Marquês de Sapucaí. O desfile, assinado por Fábio Ricardo, teve a seda como fio condutor. O Reizinho de Madureira faz uma viagem até o país asiático seguindo o brilhante fio da seda, mostrando o quanto nosso universo cultural é influenciado pelas tradições, heranças e invenções chinesas.

O enredo foi batizado como “O Império do Samba na Rota da China”, dois historiadores, Helenise Guimarães e Roberto Vilaronga, foram convidados para criação. A comissão de frente mostrou guerreiros com bambus e rostos pintados de branco, representando guardiões dos templos dourados. A escola nove vezes campeã da elite apresentou imagens identificadas à China como os dragões imperiais, em tripés próximos do carro abre-alas. Símbolos chineses clássicos como a Muralha da China (no quarto carro) conviveram com outros mais lúdicos, como o personagem Kung Fu Panda, na ala das crianças.

O que promete em 2019

Há inúmeras referências a destinos que devem ser mostradas ao longo dos desfiles, mesmo que o tema central não seja esse, geralmente, os desfiles de Rio e São Paulo, por contarem histórias, em algum momento, mencionam locais. Propriamente sobre países e destinos, as homenagens de samba-enredos nesse ano serão para o Quênia, Amazônia, Armênia e Ceará. 

A escola Colorado do Brás, depois de 25 anos, retorna a elite do carnaval paulista. O enredo será Hakuna Matata-isso isso é viver, a famosa frase do clássico animado da Disney. Entre os assuntos abordados, o desfile vai falar sobre a libertação do povo queniano, o ponto de partida é a música Jambo bwana, muito popular no país africano. Os costumes e as lendas serão mostrados. É esperado um retorno de luxo entre as melhores do carnaval!

A tradicional paulistana Rosas de Ouro contará histórias da Armênia. Uma comitiva da escola esteve no país a convite do embaixador da Armênia no Brasil. A oportunidade de visitar, entrar em contato de pertinho com elementos locais e culturais do país será convertido num desfile detalhado, é o que promete o idealizador do enredo André Machado.

Um dos maiores patrimônios do Brasil e “pulmão” mundial, a Amazônia volta entre as homenagens carnavalescas nesse ano. Ela já foi tema de diversos desfiles e inspirou dezenas de alas na história da folia do Rio e São Paulo, mas em 2019 a Mocidade Alegre investe mais uma vez no tema. A relação está com o Rio Amazonas, as lendas envolvidas pelo indígenas e as peculiaridades dessa região tão especial no Brasil.

No mais nobre carnaval, o carioca, a União da Ilha tem trabalhado intensamente nos últimos meses na homenagem para o Ceará.  No samba-enredo, há referências de autores da literatura brasileira, pesquisas locais com idas frequentes a Fortaleza também auxiliaram na elaboração de todas as fantasias e alas.

Resumidamente: fique de olho, com toda certeza, outras muitas referências para os apaixonados por viagens devem aparecer nos dois principais sambódromos do Brasil. Nós estaremos de olho também para compartilhar por aqui as tendências. A folia promete!!!!

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