Seguindo viagem. No post anterior contei minhas primeiras impressões sobre este rico país de ascendência inca e cerca de 11 milhões de habitantes, sendo 40% deles indígenas.
Ao sair de Quito, pelos céus, nosso próximo destino foi Santa Clara de los Quatro Ríos de Cuenca, ou simplesmente Cuenca. Nada pequena como eu imaginava, essa lindeza é casa de 500 mil pessoas e a sede dos chapéus Panamá. E antiquíssima: sua fundação data de 1.557.
Ali descobri pérolas gastronômicas no caótico Mercado Público, como o tamal (massa de milho cozida no vapor e recheada com carne de porco, ovos e passas) e o hornado, que trata-se do bom e velho leitão assado e comido em nacos. Desvendei alguns cantos, passando por ruas de paralelepípedos. Fotografei cholas cuencanas e, principalmente, aprendi que de panamenhos os famosos sombreros não tem nada.
Funciona assim: as maiores fábricas sempre estiveram localizadas em Cuenca e Montecristi, mas na época da construção do Canal do Panamá esse modelo, por ser bastante leve, serviu quase que de uniforme para os trabalhadores da América Central. Após ser usado por Churchill, Roosevelt e milhares de celebridades, foi denominado erroneamente. Feito a partir da paja toquilla – muito abundante na costa equatoriana – nada mais é do que a palha trançada, com variações no tamanho e quantidades de nós. Mas o trabalho artesanal exige técnica e muito, muito tempo. Foi enriquecedor conhecer esse método, e mais ainda escolher um só entre as diversas formas e cores.
Dalí saímos para as comunidades de Chordeleg e Gualaceo. A primeira é ponto de referência em venda de ouro e prata, e esnoba charme com suas calçadas reformadas e atitude de cidade turística. Já Gualaceo é conhecida pelos teares que utilizam a técnica Ikat, em que o processo de tingimento é feito nos fios amarrados, resultando numa estampa desfocada. Lindo! E lá vai a mala enchendo…
Última parada: Guayaquil, a Miami sul-americana. Visualmente, trata-se de outro país. Sedia um enorme porto, e por isso atrai tantos negócios. Os prédios são altos, as avenidas largas, os carros grandes. E shoppings, muitos shoppings estão espalhados por ali. Não deixe de conhecer o Plaza Lagos, interessante por sua arquitetura. Entre os tantos restaurantes de cadeias internacionais, fique com um local, como o La Boca del Lobo. Mas é no El Café de Tere que você vai provar a verdadeira comilança local: mandioca, milho, queijo e frituras, tudo misturado. Comece pelo bolón de queso y chicharrón e termine com os deliciosos muchines.
Aí sim, depois dessa fartura, qualquer um estará pronto para subir a linda escadaria que leva a Las Peñas: não desanime, a vista vale a pena. Se sobrar disposição, volte caminhando pelo calcadão, mais conhecido como Malecón. Dali saem barcos para pequenos passeios na ilhas ao redor. Na falta de tempo para ir a Galápagos (e Guayaquil é a porta de saída para isso), me restou conhecer o Parque Seminário e suas infindáveis iguanas, caminhando livremente entre os visitantes e assustando um pouco pelo tamanho.
Fim de viagem, grandes surpresas e memórias incríveis.
¡Ecuador, te quiero!
By Marcella Lorenzon