O Diogo Carvalho, sócio-fundador do Destemperados, escolheu, junto a sua esposa Renata Guerra, a Europa como um de seus destinos de lua de mel. A charmosa Provence, na França, foi a região escolhida. A gente compartilha aqui os relatos do primeiro dia de viagem deles. Confere abaixo:
A chegada na Provence de carro, cruzando estradinhas bem apertadas contornadas por plantações de lavanda, girassóis e châteaux centenários cercados por milhares de ciprestes era uma das cenas que meus olhos precisavam assistir. Sonhava tanto com este momento que mesmo sem ter chegado lá sentia que já conhecia todas aquelas curvas iluminadas por um céu azul cintilante e aquele sol alaranjado.
Uma pena que esta imagem não tenha se desvendado logo na chegada, porque acabamos demorando demais para sair de Cadaqués, e culminou por percorrer este caminho cinematográfico já na Provence durante a noite.
O pior é que nem o GPS do carro achava exatamente o nosso hotel. Foi emocionante. Mas deu tudo certo, porque nessas horas as placas falam mais do que Google Maps.
Chegamos sãos e salvos ao hotel Oustau de Beaumaniere que ficava 10 minutinhos do centro de Saint-Rémy. Mais precisamente em Le Baux-de-Provence, logo ao pé do Château des Baux, que iluminado à noite foi uma das cenas mais lindas que presenciei nesse meu primeiro terço de vida.
Nosso hotel também tinha uma importância histórica bem grande, tendo inclusive uma vinícola própria bem antiga. Foi o lado bom de ter chegado tarde (depois das nove da noite), pois a conciérge nos informou que seria arriscado tomar banho e dirigir até o centrinho de Saint-Rémy já que eventualmente não nos serviriam mais a uma hora dessas. Optamos por dar um voto de confiança à cozinha do hotel, que casualmente faz parte do time 2 estrelas do Guia Michelin.
Até pensamos em ficar na parte interna, mas não troco áreas abertas por nenhuma outra. Ainda mais que a região da Provence é famosa por brindar ao mundo aproximadamente 330 dias de sol por ano. Vocês sabem o que significa isso? Nem eu. Nem bem sentamos e já aparece uma cesta de pães feitos no próprio hotel.
E a pró-atividade dos caras aparece também nos pequenos detalhes. Esse tipo de coisa deve contar lá na nota final quando os caras condecoram restaurantes novos com estrelas Michelin.
A carta de vinhos era imensa, afinal de contas estávamos no meio de uma região responsável por produzir alguns dos melhores vinhos do mundo. Optamos por um rosé biodinâmico feito ali mesmo nos vinhedos do hotel, chamado L’Affectif Baux de Provence. Indescritivelmente delicioso.
Em seguida, veio uma degustaçãozinha que não lembro no que se tratava, mas acho que era um charutinho de foie gras, uma espuma de manjericão com alguma coisa e uma tapinha de salmão fresco.
Na hora dos pratos, o maître apontou seus preferidos, e resolvemos confiá-lo esta tarefa, que cá entre nós não era tão árdua assim, já que o melhor tempero é a fome. Dividimos uma entrada que eram raviólis com trufas frescas num caldo de alho-poró.
No prato principal, fomos um para cada lado. A Re optou pela pesca do dia ornamentada com itens bem mediterrâneos, como tomatinho e manjericão. Comeu chorando.
O meu prato também foi peixe, mas foi um pouco mais poético que o da Re. Trata-se de um peixe pescado à linha, com cogumelos da região de Lozère e um lagostin de Camargue. Estava muito, muito, muito surreal.
Sobremesa fomos igual: mil folhas. Uma para cada. Portanto, 2000 folhas, no caso!
E como pedimos um chá também, veio aquele minicarro alegórico com docinhos do confeiteiro que eu acho genial. Sempre vai bem, até porque como são pequeninos, não engorda né? 🙂
Para fechar com chave de ouro, pedimos uma taça de vinho doce, mesmo porque o nosso rosé já tinha terminado. Não dá pra terminar um jantar desses com bico seco, até porque esta era uma noite onde não pegaríamos carro.
Abusamos um pouco porque jantar no próprio hotel tem algumas facilidades, como por exemplo não gastar com táxi. Acabou que essa nossa primeira noite na Provence custou 180 euros por pessoa, com o padrão de qualidade de um 2 estrelas Michelin. Essa vou contar para os meus netos!
by Diogo Carvalho