Barcelona é aquela cidade grande, mas não imensa, aterrada no nordeste da Espanha. Mas, por favor, olhe sempre além: mesmo não sendo a capital do país, é território efervescente de novidades, sempre com algum cantinho novo para descobrir e uma vibe (sorry, é a falta de outra palavra melhor) sem igual.
Por isso é a segunda personagem dos grandes motivos subjetivos.
Eis:
1 CATALÃO/ CATALUNHA
Que língua é essa? Do latim, e parecendo uma mistura de francês e espanhol, surgiu o catalão. As nem tão sonoras palavras, cortadas e terminadas em Ts e Ss, os acentos impronunciáveis pelos brasileiros e o encanto de ler as placas e deduzir o que dizem trazem muito mais charme ao roteiro. Todo o sentimento regionalista tão comum aos gaúchos pode ser sentido por lá também. Mas, na verdade, o mais legal é mesmo tentar se comunicar e descobrir mais da cultura catalã, tão marcante, mesmo num país cheio de referências fortes como a Espanha. E vá sem medo: todo mundo por lá fala também o espanhol. La garantía soy yo!
2 GAUDÍ
Antoni Placid Gaudí i Cornet. Nada supera esse mestre do modernismo catalão (AKA art nouveau), suas formas orgânicas e as sempre surpreendentes cores e texturas. Criado em Barcelona, o arquiteto Gaudí deu à cidade grandes obras. Não entrar na Sagrada Família ou na La Pedrera é como ir a Paris e não ver a Tour Eiffel, e com um agravante: sair de lá mais burro do que chegou. As suas construções desafiam as formas da engenharia. Seus mosaicos trazem o mar pra dentro da retina. E sua agradável insolência (ele foi um incompreendido) traz ainda mais graça às largas ruas da cidade.
Não se desespere com as filas que dão a volta ao redor das casas e da igreja: compre suas entradas pela internet, marcando hora. Desvie da multidão, pegue seu audioguide (siiiiim!) e deixe seu queixo cair. Agora, para o Parc Güell, só resta mesmo uma reza forte. Ao chegar, a sensação é de que todos os turistas do mundo tiveram a mesma ideia. Força de vontade para achar um banquinho com vista incrível, tirar a foto clássica e testar a acústica gaudiniana.
3 CIUTAT VELLA: EL RAVAL, EL GÒTIC, RIBERA E BARCELONETA
Toda a parte baixa de Barcelona, quase à beira mar, é formada pelas zonas antigas, que antes eram os limites da cidade. Na Europa é comum se referirem à ‘ cidade velha’, o que normalmente engloba a parte medieval, os muros e as fundações mais remotas. E nesse caso não é diferente: divididos pelas Ramblas, os bairros Raval e Gótico atraem grande parte dos visitantes. Mas enquanto no Raval encontramos muita sujeira, prostituição e algum desleixo, o Gótico é o centro dos bares e botecos, encondidinhos entre praças e ruelas. Se perder por ali é, para mim o mais legal de Barcelona. Entre o agito pré-noitada da Plaça Reial e os bares intermináveis de tapas (outro motivo!), o que vale mesmo é passear sem rumo, cruzando a Via Laietana pela Catedral Gótica – também incrível – descobrindo pouco a pouco o La Ribera e terminando em Barceloneta, o porto pequeninho, jantando em um dos restaurantes de peixe por ali.
4 PICASSO, MIRÓ E DALÍ
Picasso nasceu em Málaga. Dalí, pertinho de Barcelona. E Miró lá mesmo, na capital da Catalunha. Mas os três, apesar dos tempos e estilos totalmente distintos, tem sua arte muito representada em Barça. Pablito conta com um dos museus mais incríveis que já fui, dada a quantidade de obras expostas ali. Naquela tarde de julho consegui entender um pouco mais sobre a mente apaixonada e confusa do mestre cubista. Miró pode ser a porta de entrada para o surrealismo: no alto de Montjuic, um dos lindos morros de Barcelona, se encontra a fundação que leva seu nome e abriga seus traços. Depois disso, já prevenido, pegue um trem e siga para a pequena Figueres. Passeio ideal para um dia. Ali o gênio Dalí decidiu criar o seu próprio museu, e não deixou por menos. Desde o teto cobertos de ovos gigantes até as homenagens intermináveis a sua musa Gala, tudo ali é, desculpem o trocadilho, surreal – mas muito inspirador.
5 TAPAS
Tapear. Até verbo os espanhóis tem pra esse esporte nacional! Basicamente, se resume em aperitivar o maior número possível de pequenas porções de pratos. Figuram entre os meus favoritos os chopitos e as batatas bravas, perfeitos se acompanhados de uma jarra de sangria. Não tente fugir do delicioso hábito de se sentar com seus amigos em uma mesa, no fim de uma tarde de verão, numa calçada qualquer, e ser simplesmente feliz.
Para isso é só passear pelos bairros de Gràcia ou El Born. Não faltaram motivos para mais uma tapear até o amanhecer, coisa que Barcelona faz muito bem.
By Marcella Lorenzon