Oi, meu nome é Marcella e eu adoro viajar de navio. Não me julguem, mas tenho adoração por jacuzzis ao ar livre e academias com vista eterna para o oceano, com meus livros e cidades perdidas no mundo. E, para tanto, tolero passar alguns dias entre shows de breguice e estrangeiros brigando na fila no buffet.
Tudo se explica, já que fiz meu primeiro cruzeiro numa viagem bastante marcante para uma menina de 7 anos, ou seja, na mesma época em que conheci a Disney World. De lá seguimos eu, meus pais, meu irmão e um primo para uma grande aventura: desvendar os muitos andares daquele transatlântico que navegava entre as ilhotas do Caribe. Prato cheio para três crianças, que voltaram para casa com muitos brinquedos do Mickey, trancinhas no cabelo e a curiosidade aguçada. Hola, Marcellita! (piada interna para os íntimos).
Vinte anos se passaram e embarquei nesses resorts flutuantes mais de uma dezena de vezes, passando por boas e ruins companhias marítimas, conhecendo gente especial e muitos lugares para os quais dificilmente teria ido se não fosse dessa forma. E para mim esse é o maior trunfo em deixar que o hotel te leve a pontos remotos como o Cabo Horn ou – o mais lindo da minha vida e que vale outro post – os fiordes noruegueses, quase raspando nas montanhas. Porque, para falar a verdade, essa não é o tipo de viagem que agrada a qualquer um. Talvez até agrade a mais gente do que deveria, pois os barcos comportam cada vez mais pessoas, tornando tudo muito lotado/difícil/barulhento/chato e comprovando minha tese de que quanto menor o navio, melhor o roteiro.
De forma geral, são férias para quem quer descansar e ser surpreendido por cidadezinhas, vistas ao amanhecer e algumas taças de vinho. E apesar de o público-alvo ser, sem dúvida, os velhinhos, e eu parecer um deles escrevendo isso, há de tudo um pouco. Desde diversão e bebedeira, passando por lugares para os filhos dos outros se divertirem cassino, bons restaurantes (ou nem tanto!) wi-fi em alto mar e mordomias. Ou seja, podem me chamar de idosa. Mas tudo compensa com a lindeza das Ilhas Gregas ou a costa da Turquia passando pela janela.
E por falar em janela, essa é a primeira dica: se escolher as águas como destino sempre opte por uma cabine com sacada, ou no mínimo com vista. Vale a diferença de preço e muitas vezes é dali que sairão as melhores fotos. Não se engane achando que ‘vai ficar pouco no quarto’, pois tem horas em que a função toda enche o saco e é preciso um espaço mais legal para relaxar. Se bem que os grandes armadores tem investido em áreas mais exclusivas, em que um andar é todo dedicado aos passageiros vips. Ali tem piscina, bares e restaurantes para poucos e bons. A outra coisa que julgo indispensável é contratar uma boa operadora de viagens, que acerte tudo antes do check in, desde vistos (quando se passa por vários países pode ser complexo) até informações sobre deslocamento e passeios nos destinos: como muitas vezes o tempo de parada nesses lugares é curto, é essencial aproveitar cada hora em terra.
Por sinal, para os mais fracos, aconselho não ir sem um remédio para enjôo. Nada grave, mas pode acontecer de o “mar não estar piscoso”, como diria meu pai, e você não conseguir caminhar em linha reta – vale lembrar que esse tipo de sacudida só acontece em travessias de grande porte. E se a escolha for mesmo por penínsulas e trajetos com os mais diferentes estilos, como Jordânia e Itália numa mesma semana – evite as grandes metrópoles, pois definitivamente perdem toda a graça quando visitadas com a pressa da navegação.
Mas o mais importante de tudo antes de fazer as malas é se desfazer de qualquer preconceito e esquecer os estereótipos que rondam esse tipo de viagem, ler o jornalzinho diário entregue todo o dia, impresso na sua língua materna, se programar para o turismo e para o relax, e escolher as pessoas mais legais e parceiras para levar junto. Pois navegar é preciso.
By Marcella Lorenzon
Marcellinha, tu até me faz ter vontade de andar de navio 🙂