“Não menospreze o Equador”. É isso que eu diria a um viajante em dúvida, talvez como você, leitor. Quase escondido e esquecido entre a Colômbia e o Peru, o pequeno país (tem o tamanho do estado de São Paulo) oferece uma rica história, contada em suas praias, matas, lagos, vulcões, colinas e, tchanananan, o arquipélago de Galápagos – mas desculpa, gente, nesse eu ainda não fui.
O que eu vi por lá foi uma sequência de Patrimônios Históricos da Unesco, habitados por um povo simples e muito receptivo. É notável a dedicação em transformar seu subestimado mercado turístico de 1 milhão de visitantes por ano em algo mais concreto e lucrativo, assim como fez o vizinho peruano.
A começar pelos vôos: cheguei de Lan Colômbia, fazendo escala em Bogotá. A Avianca oferece a mesma rota, mas existe um vôo direto pela local Tame, bastante digna. Aliás, é importante ressaltar que os transportes aéreos são essenciais para a locomoção interna. Tal o meu choque ao constatar que voaria quatro vezes ao longo dos cinco dias que passei por lá. Explica-se: apesar de minúsculo, a soma de geografia montanhosa e estradas, um tanto sinuosas e nem tanto modernas, transformam pequenas distâncias em uma viagem de oito horas. Então minha máxima “se puder, vá por terra” foi derrubada ao chegar em Quito.
Já lá, fui recepcionada com um plato típico daqueles difíceis de decorar o nome de tudo, mas mais ainda de esquecer. Provei fritada, mote e llapingachos e, aos poucos, fui me ambientando aos 2.850 metros de altitude e imergindo na cultura local.
Depois de matar a saudade da minha amiga Diana (lembram do post sobre a Colômbia, em que explico a viagem?) fomos ao centro histórico. Aliás, o mais bem preservado da América do Sul. Incrível andar pelas ruelas e admirar as igrejas, os casarões e toda a arquitetura fincada sobre os resquícios incas. Não deixe de entrar na Iglesia La Compañia de Jesús e se chocar com a quantidade de ouro utilizada ali – míseras sete toneladas! Nessa mesma rua ficam outras seis igrejas, o que originou o nome Calle de las Siete Cruces. Mas o melhor mesmo é descobrir um terraço/café/restaurant, como o Vista Hermosa, pedir um ponche quiteño (bebida de leite com rum e especiarias) e desfrutar do panorama de cúpulas e montanhas.
Se você conseguir enfrentar o trânsito caótico e sair da cidade, o destino certo de qualquer turista fica na latidude 0 0’ 0”. Aviste a faixa amarela que divide o globo terrestre em dois hemisférios e não fuja da foto clássica, com um pé ao norte e outro ao sul. Depois do clique, aí sim, suba na torre pra entender como as regiões se definem, quais os trajes típicos de cada uma e, por fim, entenda que na verdade a marca de la mitad del mundo fica a 200 metros dali – acerto de medições graças ao santo GPS.
Seguindo, vá em direção ao povoado indígena de Otavalo: ali se concentra grande parte do artesanato equatoriano, com trabalhos em tecido de encher os olhos. Comprar um poncho verdadeiro ou uma manta de llama, que duram a vida inteira, são a melhor forma de trazer um pedaço desse rico trabalho para casa. Admire as senhoras otavaleñas com suas blusas brancas bordadas e mangas de renda, combinadas com saia azul e bolsa improvisada, que carrega desde crianças até comidas.
Um outro dia foi necessário para os arredores, e nesse o ponto alto (literalmente) era o vulcão Cayambe e seu cume a 5.790 metros. Inativo, não é do tipo que provoca medo aos visitantes – para isso existe o Cotopaxi, um dos mais famosos das Américas. Mesmo assim, preferimos apreciá-lo de longe, com uma lagoa de separação e um ceviche pronto para ser devorado, na mesa em frente.
Dois dias e muitos quilômetros depois encerramos os passeios em torno da capital. Era hora de rumar ao sul.
Mas isso eu conto no post que vem!
By Marcella Lorenzon
Adoreii! Entrou para a minha gotta go to list! Bjo!! 😉